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Sobre mulheres e crocodilos
POR GRETEL MARÍN
O que aconteceria com uma sociedade se uma grande parte dela tivesse de ser surda, cega e muda para sobreviver?!
A paz também passa pelo fim da violência contra as mulheres
POR CECÍLIA KITOMBE
A construção da paz social passa também pela criação de espaços e cidades acessíveis para todos e todas com segurança, onde, por exemplo, as mulheres possam aceder aos espaços públicos, erguer as suas vozes sem medo do assédio, retaliação ou estupro, pelo simples facto de serem mulheres; onde o direito à vida, ao respeito e à integridade física não se questionem por constituírem os valores da paz.
O Livro da Paz da Mulher Angolana
O Livro da Paz não nos conta só a alegria das mulheres por já não terem de ouvir as armas, conta-nos também, de formas explícitas e implícitas, sobre as inúmeras injustiças do ponto de vista político, económico e social que várias mulheres passaram durante as épocas pré-paz e pós-paz.
O que aprendi com o Ondjango Feminista
"Eu já era feminista quando me juntei ao Ondjango. Eu já era contra o racismo, contra a exclusão social, contra a xenofobia, a homofobia, a transfobia e até contra o especismo. Também já sabia que todas as injustiças sociais do mundo andam juntas, como se um cordão as unisse em silêncio, sorrateiro e mesquinho. O exercício que me faltava era olhar para mim mesma. E esse exercício é tudo."
Respeito à vida!
Não poder decidir sobre o próprio corpo implica não poder dizer NÃO a situações que põem em risco a saúde e, em muitos casos, a vida das mulheres. O respeito à vida do qual tanto se fala quando o assunto, por exemplo, é o aborto não serve também para as mães? O nosso respeito à vida precisa prever e criar contextos nos quais as mulheres tenham liberdade e autonomia sobre si mesmas e possam tomar as decisões que forem necessárias para se auto preservarem física e emocionalmente, sem pressões externas.
"Sou pelos direitos das mulheres mas não sou feminista"
Percebo que há uma ideia distorcida e generalizada sobre o que é ser feminista. Parece-me que não há objectividade na reflexão em torno da frase "“sou pelos direitos das mulheres, mas não sou feminista”, que possibilite diálogos construtivos com vista a reforçar a compreensão da ideologia feminista no nosso contexto.
A LUTA CONTINUA!
A falta de retrocesso na matéria da despenalização do aborto não representa um avanço, e será nas margens das excepções que mulheres e meninas, principalmente as mais pobres, continuarão a sofrer e a morrer por conta de abortos inseguros e clandestinos.
Dentro do chat do Ondjango Feminista: Uma Conversa sobre o Conselho da República
As recentes indicações, conforme a Constituição, para o Conselho da República, órgão colegial de natureza consultiva do Presidente da República tem uma mulher num total de 21 membros. O que significa, reflecte ou esconde esta disparidade gritante em termos de representação feminina nos principais cargos de gestão do Estado angolano?