FAOFEM 2017 (um pouco do que ficou)
POR LEOPOLDINA FEKAYAMALE
Nos dias 24 e 25 de Junho, o Ondjango Feminista realizou o seu segundo fórum anual. Os dois dias foram bastantes intensos, dias que ficarão marcados na nossa memória por muito tempo. Reunir mulheres de várias partes do país com diferentes realidades e ao mesmo tempo tão semelhantes é indescritível! Olhar umas para as outras e reconhecermos um pouco – ou muito - de nós mesmas no colectivo é também indescritível.
O tema deste fórum foi o “Reivindicando os nossos espaços, ampliando as nossas vozes” e dentro disso - começando pelos espaços - falamos, conversamos das formas mais simples até às mais complexas possíveis sobre os espaços em que estamos, devíamos estar e queremos estar. Ouvimos relatos e testemunhos das vivências e experiências das mulheres nos diferentes espaços onde se encontram, vivem ou trabalham. Alguns desses relatos e testemunhos eram duros de ouvir, causavam dor, revolta e indignação, denunciavam situações de exploração, de abuso físico e psicológico e faziam-nos sentir na pele como a vida real de muitas mulheres no dia-a-dia é dura, sofrida e dorida. Relembramos – sem nunca nos termos esquecido - da importância das pontes de solidariedade sobre as quais falamos e nos propusemos a criar no nosso primeiro fórum, em 2016.
A par dos relatos e testemunhos duros que ouvimos e partilhamos, tivemos outros que nos encheram de alegria, que espelhavam resistência e persistência na luta por uma sociedade justa e de direitos para todos dentro dos espaços em que as mulheres estão.
Em sequência, como ampliar as nossas vozes foi o outro lado da moeda que era o tema central. Sobre isso, reflectimos em conjunto como podíamos ampliar as nossas vozes dentro e fora dos espaços em que nos encontramos no nosso quotidiano. Procuramos exemplos do nosso contexto e de outros para fortalecer as nossas lutas. Ouvimos as vozes umas das outras - porque entendemos que ampliar vozes passa também por ouvir o que cada uma tem a dizer. E pensamos também na importância das vozes das mulheres que não estavam ali connosco, mas que contam sempre.
Saímos do Fórum mais conscientes e “alimentadas” intelectualmente, entre as várias abordagens que tivemos não nos esquecemos de politizar as questões que ali nos levaram. Cerca de 150 mulheres juntas a aprender e a partilhar ideias: isso não tem preço! Saímos fortalecidas. E mesmo sabendo que a nossa luta é grande, que na vida real as mulheres passam por situações difíceis, dolorosas e que as oprimem só por serem mulheres, ainda assim temos esperança que o “aqui e o agora” serão melhores para nós; o futuro para as gerações que vêm será melhor! Desde o primeiro Fórum com o mesmo espírito, o de solidariedade, da força, do ânimo e da perseverança, continuamos firmes e juntas: com as manas e pelas manas!
Foto por Ondjango Feminista©
Sobre a autora:
Leopoldina Fekayamale é estudante de linguística, activista e blogueira com morada em Leo Escrevendo (https://leofekayamale.wordpress.com/)... É membra da coordenação do Ondjango Feminista, e a responsável pela coordenação dos encontros mensais do Ondjango Feminista no Lubango, província da Huíla.