Nota de Repúdio: Menina de 12 anos violada, torturada e morta
Circulam nas redes sociais notícias sobre o caso da menina de 12 anos, estuprada, mutilada e espancada até à morte, em Viana, no ultimo final de semana.
Estamos indignadas e furiosas mas, infelizmente, não estamos incrédulas porque situações como estas têm sido recorrentes no nosso país, continente e no mundo.
Nos indigna não só o crime e a impunidade, mas o ambiente que permite e normaliza estes actos. Como noutros casos, ainda lidamos com os efeitos colaterais: os comentários machistas e misóginos, como se de uma piada se tratasse. O femicídio - normalizado levianamente, como sempre. O silêncio ensurdecedor dos vários entes públicos, das igrejas, do corpo jurídico, do parlamento (das parlamentares), das organizações de mulheres e daqueles que, em outros casos, se levantam para chamar à atenção e criticar, mas que neste caso olham para o lado, como se essa violência não estivesse ligada à forma como se constrói tudo o que diz respeito a nós, mulheres, e que alimenta essa suja cultura do estupro. Esses, quando se trata de direitos fundamentais das mulheres, só atiram balas tortas que no final acabam sempre por nos atingir.
Um dia ficamos sem o chão do poço da indignação e da raiva, do tanto que tiramos dele, sem descanso. É mais uma que se vai, uma criança, anónima, de quem simplesmente ouvimos falar. Uma para nos lembrar das tantas outras.
Por esta meninas e por todas as outras meninas e mulheres...
Exigimos justiça.
Exigimos o fim da cultura de estupro, da impunidade de quem violenta e viola, da misoginia que mata, mutila e magoa mulheres e meninas todos os dias.
Exigimos que respeitem os nossos corpos, as nossas liberdades e os nossos direitos fundamentais.
Exigimos repostas concretas dos vários órgãos públicos competentes, sobre como pretendem por fim a esta e outras formas de violência contra meninas e mulheres.
Continuaremos a lutar por uma Angola justa para as mulheres, até que nem uma mais seja vítima. Até que os nossos corpos deixem de ser violados e violentados. Até que sejamos todas livres.
A Coordenação do Ondjango Feminista
Imagem de capa: https://goo.gl/images/q9WKmP